sábado, 19 de julho de 2014

FINIS OPERIS

    No Puxadinho, o início da escalada (entenda-se: da leitura de "A Montanha Mágica", de Thomas Mann) se deu à altitude habitual e teve seu mais longo trajeto percorrido ao nível do mar, na simpática Morretes, numa simplicidade que contrastava violentamente com a opulência e requinte em que se encontrava a personagem Hans Castorp. 
    Enquanto ele vivia experiências incríveis em meio a um conforto absurdo, enrobustecido por cinco refeições, vivíamos as deles numa simplicidade que beirou à penúria voluntária (uma necessidade nossa que quase ninguém compreendeu), fazendo apenas uma refeição matinal (valia por três, não há como negar), enclausurados não num requintado compartimento de sacada, mas, sim, numa simples e aconchegante cabana, na qual, em meio a sustos, risos e abundante choro, devoramos umas quinhentas páginas. E apesar das antíteses todas - ele subiu ao Alpes Suiços, nós descemos à encantadora Morretes; nós vivemos de maneira absolutamente... comedida e ele na mais absoluta fartura - nosso retiro foi tão extraordinário quanto o dele. E justamente por causa dele.
    Ao chegarmos à estação para voltar a Ctba (ao menos isso tivemos em comum: chegamos ao nosso destino e dele partimos de trem), apesar de a vida "normal" da "planície" invadir nosso descanso com a volta dos sinais de telefonia e internet, a espera da litorina rendeu a leitura das melhores cem páginas da vida.
...

    E demoramos mais de uma semana para concluir as quase noventa páginas finais porque, como afirmam todos os clichês e chavões de leitores aficionados, estava difícil aceitar a ideia de que estávamos prestes a nos separar de Hans Castorp. 
    Mas, tudo tem um fim.
   Concluímos hoje a leitura "do último romance filosófico da humanidade" e nos despedimos com mais lágrimas e aplausos (ao autor, sobretudo) de Hans, o "filho enfermiço da vida". E aqui do alto contemplamos, com o coração apertado, já saudoso, a grandiosidade de uma das melhores obras que já lemos.


Pessoalizando de vez: Como dirão os parças mais chegados, "já pode morrer, então, Pedrina... kkk" Não, sem reler o livro. :P Mas isso fica daqui outros vários capítulos da minha vida (que seja longa!). Adeus por hora, Hans Castorp. :'(

"Vamos à história dos subúrbios!"

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