segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

RÁDIO AVASSALADORES: O (INÍCIO DO) FIM DE UMA ERA

(Post publicado no Facebook no mês de outubro)

Na manhã de ontem, dia 22, finalmente, o 3ºA fez a tão esperada apresentação da ‘Semana Cultural 2014’, do Colégio Paulina. Uma rádio “ao vivo” abordou as obras da badalada relação de livros a serem lidos para o Vestibular da UFPR.
Hoje, todos os alunos que participaram foram unânimes em afirmar que o resultado superou as melhores expectativas. Deu tudo certo: gingle, vinhetas, merchan, as plaquinhas de orientação para a plateia, o desempenho dos âncoras e das “especialistas” em literatura, a performance da banda e do “Pai Dinão”, com suas previsões (furadézimas) para o ENEM e para o Vestibular, a atuação das meninas cantando, do José-mil-e-uma-facetas-e-utilidades e da histérica ouvinte Larissa. Digo, em nome dos alunos, o seguinte: modéstia à parte, o texto estava SENSACIONAL!
Em suma, na apresentação da Rádio Avassaladores, toda a turma (tanto quem estava em cena, quanto quem atuou nos bastidores) deu um show! Um trabalho que marca o início da despedida de uma galera com a qual tenho caminhado já há algum tempo e com a qual já compartilhei “fortes emoções”. 
Obrigada, Avassaladores. Vocês arrasaram!




domingo, 24 de agosto de 2014

"Interdição" no Puxadinho

61 postagens em 2014... Um recorde! Chega o momento de dar uma de nossas longas pausas para reavaliar nossa trajetória. Voltaremos e com novidades.

Abraços fraternos!

MAS HOJE, DESCULPA PEDRO, É DIA DE PAULO NO PUXADINHO

Porque, hoje, Leminski completaria 70 anos... Por acaso ele compôs algum poema ruim? O Puxadim não achou, então, vai este que é o que há.

Amar você é coisa de minutos…
Amar você é coisa de minutos
A morte é menos que teu beijo
Tão bom ser teu que sou
Eu a teus pés derramado
Pouco resta do que fui
De ti depende ser bom ou ruim
Serei o que achares conveniente
Serei para ti mais que um cão
Uma sombra que te aquece
Um deus que não esquece
Um servo que não diz não
Morto teu pai serei teu irmão
Direi os versos que quiseres
Esquecerei todas as mulheres
Serei tanto e tudo e todos
Vais ter nojo de eu ser isso
E estarei a teu serviço
Enquanto durar meu corpo
Enquanto me correr nas veias
O rio vermelho que se inflama
Ao ver teu rosto feito tocha
Serei teu rei teu pão tua coisa tua rocha
Sim, eu estarei aqui

TEXTO ESCRITO PARA PEDRO JOSÉ NO DIA DOS PAIS

Não costumo gostar dos textos que escrevo. Mas este tem um grande valor sentimental e passou pelo crivo de um dos meus maiores críticos (pasmei!). Que a forte intertextualidade com textos bíblicos não escandalize ninguém. O apóstolo é uma das minhas grandes inspirações. E do Pedro José também.

"Dia de Pedro no Puxadinho.

Em verdade te digo, Pedro, que nem antes, nem depois de o galo ter cantado eu te neguei. Sou tua cara escrita e escarrada e que bom! Ausenta-te mesmo assim de mim, pois sou pecadora, pai. Mas se quiseres me lavar os pés, pra que contigo eu tenha parte, lava-me por inteiro com tua alegria pagã.
Quo Vadis, Domine?
Diga-me e irei atrás. Quem sai aos seus... como eles degenera.
Vamos à Roma, pois boca temos e falamos pacas. Sejamos atados para que nos levem onde não queremos. Crucificados juntos e faceiros vejamos, de cabeça para baixo, esse mundo... sumir.
Pois antes, ao andar sobre as águas e quase afundar, tu me estendeste teu braço forte, o teu braço esquerdo, e me disseste: "pequena desgarrada, mulher-menina-pirralha de pequena fé... por que duvidaste?" E eu pensei, "duvidei de mim porque, no fundo, no fundo, sabia que podia confiar em ti, Pedro, pra me trazer à superfícialidade." 
Se um filho eu tivesse, teu/meu nome daria e a outra criatura transmitiria o nosso legado, mas... tamu juntu, Machado.
Todo dia é dia de Pedro, porque todo dia Pedrina acorda e o entrevê no espelho...
"Em verdade te digo, tu és Pedro e desta pedra derivarei sufixalmente (num sufixo de diminutivo) uma pedrinha."
Que seja hoje, então, dia de declarar: Pedro é meu pai e que bom!"

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

LEITURA DE "LES FLEURS DU MAL" A DOIS

Mon âme ou mon amée?
Desde que eu te ame,
o som tanto faz.
Sob este ditame, 
flui a vida em paz.

(Baudelaire, merci
pela tua rima
que ficou lá em cima. 
Vou parar aqui.)

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 19 de agosto de 2014

POETAS DA ESCOLA



A Olimpíada de Língua Portuguesa - tema: O Lugar Onde Vivo -, na Escola Maria Aparecida S. Torres, em Araucária, foi um sucesso. Alunos despertando para a leitura da poesia, pequenos poetas despertando na Escola. A sensibilização para o gênero se manifestou tanto através da produção dos textos, quando através dos livros de poesia que alunos faziam questão de mostrar que estavam lendo, que haviam emprestado na biblioteca. Valeu! Veja aqui os textos que subiram ao nosso podium.




O LUGAR ONDE VIVO

O lugar onde vivo
Tem o Seu Adão
Que sai cedinho para vender seu pão
Minha mãe logo cedo compra dele então

O Seu Adão tem os seus problemas
Ele não gosta que jogue bola nas suas roseiras
Ele também não gosta que jogue bola no seu quintal
E faz você ouvir o Sidney Magal

O Seu Adão toma muito chimarrão
Ouvindo música clássica ele toma de montão
Meu pai joga papo fora com o Seu Adão
Ficam se divertindo até de noite falando do timão

Quando ele vende todos os pães
Volta cantando uma canção
“Hoje eu ganhei um dinheirinho
Ia, ia, ou!”       (Murillo Matiak – 6ºE)




TERRA DE QUÊ?

Terra de pinheiros
Mas não de coqueiros
Terras de laguinhos
Para criança brincar
Mas não de mar
Para criança se afogar
Terra de estátuas
Mas não de Cristo
Mas não ligue
Pois eu não me importo com isso

O lugar onde eu vivo
É como minha casa
Não é pobre
Não é nobre
Mas pense com sabedoria
É aqui que vivo com minha família

Aqui é terra de pinheiro
Pinheiro que dá pinhão
Que vai direto pro meu barrigão

Já adivinharam onde eu moro?
Então eu vou assoprar
- Araucária!
Aqui é o lugar onde
O céu namora o chão
E as estrelas me namoram
Aqui minha vida é boa
Minha vida é perfeita!   (Cauany - 6ºE)



Onde moro

Um passo, um espirro, uma risada?
Nada, não se ouve nada!
Um latido ou choro?
Nada, não se ouve nada!
Só se ouve o sopro do vento...
A escuridão engole a paisagem,
Casa por casa, baixa ou alta.
Para completar chega a chuva
E se ouve, BLAC, BLAC, é a água
Cai dos telhados pingando no chão.
Olho na janela, a paisagem é um deserto
Vazio e coberto pela escuridão.

Mas, por fim, bem longe se vê uma luz.
É o sol querendo aparecer!
Ouve-se um portão abrindo...
 É o meu vizinho saindo para trabalhar.
Ouve-se agora  passos, espirros, risadas?
Sim! Tudo volta ao normal.
Sinto cheiro de pão assado.
É a padaria aqui ao lado.
Sinto cheiro de Quiboa
É a vizinha lavando roupa.
Sinto cheiro de tinta.
Vem da outra casa vizinha.

Meio dia é uma correria.
Tem carrinho de tudo:
Sorvete, creps, sonho, bombom, pastel...
E depois escola, amigos, livros...
E o sol se vai.
Amo tudo, do começo ao fim.
Meu dia, minha rua, meu bairro, minha cidade.
É, amo Araucária,
Cidade símbolo do Paraná!
Amo viver aqui
À sombra dos muitos pinheiros
Junto com minha família
Perto dos meus amigos
E ouvir seus passos, risadas, espirros...
Até mesmo o silêncio da noite.
Isso é lar, meu lugar! (Rafaella - 6ºC)




domingo, 17 de agosto de 2014

EXTREMOS DA PAIXÃO - CAIO FERNANDO ABREU

Andei pensando coisas. O que é raro, dirão os irônicos. Ou “o que foi?” – perguntariam os complacentes. Para estes últimos, quem sabe, escrevo. E repito: andei pensando coisas sobre amor, essa palavra sagrada. O que mais me deteve, do que pensei, era assim: a perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais. Quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro(a)- mas a morte é inevitável, portanto normal. Quando você perde alguém que você ama, e esse amor – essa pessoa – continua vivo(a), há então uma morte anormal. O NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter NUNCA MAIS quem morreu. E dói mais fundo – porque se poderia ter, já que está vivo(a). Mas não se tem, nem se terá, quando o fim do amor é: NEVER.
Pensando nisso, pensei um pouco depois em Boy George: meu-amor-me-abandonou-e-sem-ele-eu-nao-vivo-então-quero-morrer-drogado. Lembrei de John Hincley Jr., apaixonado por Jodie Foster, e que escreveu a ela, em 1981: “Se você não me amar, eu matarei o presidente”. E deu um tiro em Ronald Regan. A frase de Hincley é a mais significativa frase de amor do século XX. A atitude de Boy George – se não houver algo de publicitário nisso – é a mais linda atitude de amor do século XX. Penso em Werther, de Goethe. E acho lindo.
No século XX não se ama. Ninguém quer ninguém. Amar é out, é babaca, é careta. Embora persistam essas estranhas fronteiras entre paixão e loucura, entre paixão e suicídio. Não compreendo como querer o outro possa tornar-se mais forte do que querer a si próprio. Não compreendo como querer o outro possa pintar como saída de nossa solidão fatal. Mentira: compreendo sim. Mesmo consciente de que nasci sozinho do útero de minha mãe, berrando de pavor para o mundo insano, e que embarcarei sozinho num caixão rumo a sei lá o quê, além do pó. O que ou quem cruzo entre esses dois portos gelados da solidão é mera viagem: véu de maya, ilusão, passatempo. E exigimos o terno do perecível, loucos.
Depois, pensei também em Adèle Hugo, filha de Victor Hugo. A Adèle H. de François Truffaut, vivida por Isabelle Adjani. Adèle apaixonou-se por um homem. Ele não a queria. Ela o seguiu aos Estados Unidos, ao Caribe, escrevendo cartas jamais respondidas, rastejando por amor. Enlouqueceu mendigando a atenção dele. Certo dia, em Barbados, esbarraram na rua. Ele a olhou. Ela, louca de amor por ele, não o reconheceu. Ele havia deixado de ser ele: transformara-se em símbolo sem face nem corpo da paixão e da loucura dela. Não era mais ele: ela amava alguém que não existia mais, objetivamente. Existia somente dentro dela. Adèle morreu no hospício, escrevendo cartas (a ele: “É para você, para você que eu escrevo” – dizia Ana C.) numa língua que, até hoje, ninguém conseguiu decifrar.
Andei pensando em Adèle H., em Boy George e em John Hincley Jr. Andei pensando nesses extremos da paixão, quando te amo tanto e tão além do meu ego que – se você não me ama: eu enlouqueço, eu me suicido com heroína ou eu mato o presidente. Me veio um fundo desprezo pela minha/nossa dor mediana, pela minha/nossa rejeição amorosa desempenhando papéis tipo sou-forte-seguro-essa-sou-mais-eu. Que imensa miséria o grande amor – depois do não, depois do fim – reduzir-se a duas ou três frases frias ou sarcásticas. Num bar qualquer, numa esquina da vida.
Ai que dor: que dor sentida e portuguesa de Fernando Pessoa – muito mais sábio -, que nunca caiu nessas ciladas. Pois como já dizia Drummond, “o amor car(o,a,) colega esse não consola nunca de núncaras”. E apesar de tudo eu penso sim, eu digo sim, eu quero Sins.

ÀS SETE FACES DE CARLOS

 asminhocas.wordpress.com

 cargocollective.com

Poema de Sete Faces

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.


Carlos Drummond de Andrade
blogdoricricardo.blogspot.com

sábado, 16 de agosto de 2014

A CAROLINA - MACHADO DE ASSIS

Querida! Ao pé do leito derradeiro,
em que descansas desta longa vida,
aqui venho e virei, pobre querida,
trazer-te o coração de companheiro.
Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
que, a despeito de toda a humana lida,
fez a nossa existência apetecida
e num recanto pôs um mundo inteiro...
Trago-te flores - restos arrancados
da terra que nos viu passar unidos
e ora mortos nos deixa e separados;
que eu, se tenho, nos olhos mal feridos,
pensamentos de vida formulados,
são pensamentos idos e vividos.



sexta-feira, 15 de agosto de 2014

A CENTÉSIMA POSTAGEM DO PUXADINHO

      Esperou-se algum tempo para fazer esta postagem, nossa centésima. Postou-se tanta coisa até aqui... E a gente gosta de todos os nossos posts, a esmagadora maioria com pouquíssimas visualizações... Mesmo assim a gente insiste e podemos até desativar perfis pessoais, sair de circulação por uns dias, mas o Puxadinho, mesmo às moscas, continua aberto. 
      Escolhemos para este post de número 100 uma citação inusitada: alguém respeitosa e veementemente torcendo o nariz para Machado de Assis. Ninguém, ninguém menos que Lima Barreto. Afonso Henriques sempre foi e é muito comparado a Joaquim Maria. Em vida isso deve ter aborrecido bastante o criador de Policarpo Quaresma... Embora apreciemos bastante sua produção, nosso coração e nossa mente pendem totalmente para Machado, tanto para sua obra, quanto para a maneira como conduziu sua vida. 
      Num belíssimo texto, no qual compara os dois escritores e do qual extraímos a inusitada citação, Lúcia Miguel Pereira os aproxima inúmeras vezes não deixando de apontar as muitas diferenças que formaram abismos aparentemente intransponíveis entre os dois. Em sua última consideração, a crítica literária aponta a grande razão pela qual podemos dizer que ambos foram/são 'da mesma cepa': "Mas se as posições diferem, os temperamentos literários pertencem à mesma família - à dos analistas, dos que não se deixam embair, dos que querem descobrir o que se esconde por detrás das aparências."

Obs.: Poder falar sobre os dois, sobre suas obras e ler seus textos em sala é uma das maiores satisfações de um professor de literatura.


terça-feira, 29 de julho de 2014

DRUMMONICES - AO AMOR ANTIGO


O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
a antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.
(Carlos Drummond de Andrade)



domingo, 27 de julho de 2014

CONHECENDO NOVOS POETAS: Valéria Tarelho

Perdas irreparáveis, escritores insubstituíveis nos deixaram neste mês.
Existem tantos outros que não gozam de tamanha notoriedade, mas que são muitos talentosos.
Nesta semana o Puxadinho descobriu Valéria Tarelho.



Valéria Tarelho, natural de Santos/SP (1962), residente em São José dos Campos/SP, separou-se da advocacia devido a um caso com a poesia. Seus primeiros escritos datam de abril de 2002.

Blogs:
pé de poema :http://impurapoesia.blogspot.com.br/

proseares (com Sidnei Olívio):http://proseares.blogspot.com.br/

EU TE AMO (EU ACHO) - Valéria Tarelho

eu te amo
torto errado do avesso
te amo acelerado
a mais de cem
na contramão
amo-te
porque és contravenção

eu te amo
do meu jeito imperfeito:
te amo sim
te amo não
te amo sei lá como
e por que não?

eu te amo
por vício
ócio
tédio
tentação
e te amo por preguiça
porque não tem remédio
e o perigo me atiça

eu te amo
por tabela
pelas beiras
nas quebradas
ribanceiras
juro que te amo
por puro ataque de bobeira
e por qualquer bagatela

eu te amo
anti-horário
em outro fuso
fora de orbe
te amo desnorteada
sem rumo
entregue à sorte
de amar-te fora do prumo
(devolve o Norte da minha bússola!)

eu te amo
vassala
gueixa
escrava
te amo sem queixas
sem mágoas
sem receber minha paga
em amor
(quer saber? eu te amo mesmo 
é prestando um favor!)

eu te amo
no outono, os ramos secos
no inverno, o gelo
na primavera, os espinhos
no verão... ah! no verão
não te amo não:
você é liquefacto
e te amo pedra no meu sapato

eu te amo
másculo
rato
inseto
te amo só de longe
(que, de perto, sinto asco)
te amo, também, porque não presto

eu te amo
fração ordinária
te amo logaritmo
(só porque o nome é feio)
eu meio que te amo
porque inteiro é excesso
e você escassa
por isso te amo a falta
o pouco
o naco de nada

eu te amo
por um ano a fio
(que a vida toda é um saco)
te amo parco
(que muito é porre)
eu te amo
como quem morre de infarto

eu te amo 
fora dos trilhos
dos eixos
de tudo que se encaixa
e se completa
e te amo aos solavancos:
soluços são estribilho
no meu poema manco

eu te amo
emralhabado
sopa de letras insossa
palavras cruzadas
sem banco de respostas
te amo assim:
destemperado
complicado
e tosco

eu te amo
muito mal e sem igual
de um jeito diferente:
sem cor, ação, som
e te amo mais
quando você mente, coração

eu te amo
andarilho
maltrapilho
esfarrapado
(convenhamos,
você é lindo engravatado:
fora do meu padrão)

eu te amo
como uma frase feita
um dilema
um estratagema:
digo que te amo
como quem não ama
e amando, não amando
vou à luta armada
deixando-te na dúvida

eu te amo
o modo inacabado
impaciente
debochado
amo quando calas o que sentes
amo, ainda, quando engulo
orgulho e grito

eu te amo
ou finjo
invento
inverto os fatos?
(há tanto tempo minto
que nem sei no que acredito)

resumindo:
eu te amo
(se não me engano)
e duvido
que outra tonta
te ame tanto



quarta-feira, 23 de julho de 2014

FINIS OPERIS

Tenho duas armas para lutar contra o desespero, a tristeza e até a morte: o riso a cavalo e o galope do sonho. É com isso que enfrento essa dura e fascinante tarefa de viver."
          
          (Ariano Suassuna)

sábado, 19 de julho de 2014

FINIS OPERIS

    No Puxadinho, o início da escalada (entenda-se: da leitura de "A Montanha Mágica", de Thomas Mann) se deu à altitude habitual e teve seu mais longo trajeto percorrido ao nível do mar, na simpática Morretes, numa simplicidade que contrastava violentamente com a opulência e requinte em que se encontrava a personagem Hans Castorp. 
    Enquanto ele vivia experiências incríveis em meio a um conforto absurdo, enrobustecido por cinco refeições, vivíamos as deles numa simplicidade que beirou à penúria voluntária (uma necessidade nossa que quase ninguém compreendeu), fazendo apenas uma refeição matinal (valia por três, não há como negar), enclausurados não num requintado compartimento de sacada, mas, sim, numa simples e aconchegante cabana, na qual, em meio a sustos, risos e abundante choro, devoramos umas quinhentas páginas. E apesar das antíteses todas - ele subiu ao Alpes Suiços, nós descemos à encantadora Morretes; nós vivemos de maneira absolutamente... comedida e ele na mais absoluta fartura - nosso retiro foi tão extraordinário quanto o dele. E justamente por causa dele.
    Ao chegarmos à estação para voltar a Ctba (ao menos isso tivemos em comum: chegamos ao nosso destino e dele partimos de trem), apesar de a vida "normal" da "planície" invadir nosso descanso com a volta dos sinais de telefonia e internet, a espera da litorina rendeu a leitura das melhores cem páginas da vida.
...

    E demoramos mais de uma semana para concluir as quase noventa páginas finais porque, como afirmam todos os clichês e chavões de leitores aficionados, estava difícil aceitar a ideia de que estávamos prestes a nos separar de Hans Castorp. 
    Mas, tudo tem um fim.
   Concluímos hoje a leitura "do último romance filosófico da humanidade" e nos despedimos com mais lágrimas e aplausos (ao autor, sobretudo) de Hans, o "filho enfermiço da vida". E aqui do alto contemplamos, com o coração apertado, já saudoso, a grandiosidade de uma das melhores obras que já lemos.


Pessoalizando de vez: Como dirão os parças mais chegados, "já pode morrer, então, Pedrina... kkk" Não, sem reler o livro. :P Mas isso fica daqui outros vários capítulos da minha vida (que seja longa!). Adeus por hora, Hans Castorp. :'(

"Vamos à história dos subúrbios!"

terça-feira, 8 de julho de 2014

FOI-SE A COPA?

Foi-se a Copa? Não faz mal.
Adeus chutes e sistemas.
A gente pode, afinal,
cuidar de nossos problemas.
Faltou inflação de pontos?
Perdura a inflação de fato.
Deixaremos de ser tontos
se chutarmos no alvo exato.
O povo, noutro torneio,
havendo tenacidade,
ganhará, rijo, e de cheio,
A Copa da Liberdade.


(Carlos Drummond de Andrade)

Publicado no Jornal do Brasil de 24 de Junho de 1978

sexta-feira, 27 de junho de 2014

ENFIM, ELAS CHEGARAM!

Os cordéis produzidos por alunos do 1ºA, do Colégio Paulina Borsari, já estão aqui socializados em postagens anteriores. Optamos por compartilhar imagens dos textos sem hiperlink. Prestigiem as narrativas, terão gratas surpresas. 


HEROÍNAS NO PAÍS DA COPA (TEXTO 8)

Heroínas que batalham diariamente para realizar grandes e pequenos sonhos. Eis uma delas, Fátima.






HEROÍNAS NO PAÍS DA COPA (TEXTO 7)

Aí, Franciele! Conheça sua saga.









HEROÍNAS NO PAÍS DA COPA (TEXTO 6)

Uma luta comovente. Confira!






HEROÍNAS NO PAÍS DA COPA (TEXTO 5)

Uma heroína "padrão FIFA". Confira!



  Errata: "(...) estavam indispostos."




HEROÍNAS NO PAÍS DA COPA (TEXTO 4)

Um cordel surpreendente. Leia "Em busca de uma nova história".








HEROÍNAS NO PAÍS DA COPA (TEXTO 3)

"Pérola, a menina determinada" - O título diz tudo? Confira.